A MRV&CO, conglomerado que reúne MRV, Luggo, Urba e Resia, teve prejuízo líquido consolidado ajustado de R$ 262,9 milhões no primeiro trimestre de 2025. O resultado representa uma piora na comparação com o mesmo período de 2024, quando o grupo teve prejuízo de R$ 11 milhões.
O balanço da MRV&CO foi pressionado pelo resultado negativo da subsidiária Resia, que fez a baixa contábil de ativos colocados à venda. Com isso, reportou prejuízo de R$ 279,7 milhões. Conforme já anunciado, a Resia está enxugando as operações nos Estados Unidos, com redução de empreendimentos e venda de ativos.
Já a principal divisão de negócios do grupo, a MRV, teve lucro de R$ 25,8 milhões, queda de 52% na comparação anual. Essa redução aconteceu pelas dificuldades de concluir os repasses aos bancos de 1,4 mil apartamentos vendidos no período. Assim, deixou de computar R$ 155 milhões na receita.
As outras divisões de negócios da MRV&Co tiveram prejuízos: Luggo, com perdas de R$ 3,4 milhões, e a Urba, R$ 5,6 milhões.
O resultado da MRV&Co no critério ajustado exclui itens que somaram R$ 95 milhões no trimestre. Entram aí os já conhecidos 'equity swap' - referente à operação de recompra das ações mediante instrumento financeiro derivativo - e a marcação a mercado desses instrumentos. Esses dois ajustes representaram R$ 30 milhões.
O que entrou de novo foi uma despesa de R$ 73 milhões pela cessão de carteira de recebíveis e uma despesa de R$ 22 milhões com tomada de financiamento para pagar dívida da operação nos Estados Unidos. Por outro lado, houve um ganho de R$ 30 milhões com reversão de provisões pela pagamento da dívida lá fora.
Sem tais ajustes, o prejuízo líquido consolidado é maior, totalizando R$ 358,8 milhões. Sozinha, a MRV teve prejuízo de R$ 70,1 milhões. As outras divisões de negócios não foram influenciadas por esses ajustes.
A receita líquida consolidada da MRV&Co totalizou R$ 2,283 bilhões, aumento de 19,8% na mesma base de comparação anual, em virtude do aumento das vendas de imóveis e da evolução da produção.
"Do ponto de vista operacional, vemos uma melhora clara em todos os indicadores da MRV, mas o resultado financeiro foi mais poluído neste trimestre com alguns eventos não recorrentes", afirmou o diretor Financeiro e de Relações com Investidores, Ricardo Paixão. "No geral, foi um resultado ok. Se tivéssemos concluído a venda das 1,4 mil unidades, teria sido bom", ponderou, reiterando que espera uma melhora dos resultados ao longo do ano, em linha com as metas oficiais já divulgadas pelo grupo.
A margem bruta consolidada foi de 28,7%, avanço de 2,8 pontos porcentuais. A margem bruta da operação da MRV foi de 29,6%, expansão de 3,7 pontos porcentuais, ajudada pelo aumento na receita e pela diluição de custos.
As despesas operacionais consolidadas alcançaram R$ 672,1 milhões, aumento de 60%. Dentro desta linha, houve aumento nas despesas comerciais, puxados por gastos maiores com publicidade, o que incluiu propaganda no Big Brother Brasil.
"Temos feito alguns investimentos importantes em branding. Isso fez sentido, gerou mais procura e conseguimos ativar mais clientes. A conversão ainda não aconteceu, porque a compra de imóvel não é algo que acontece tão rápido", disse Paixão, acrescentando que espera respostas nas vendas nos próximos trimestres.
O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) gerou uma despesa líquida de R$ 307 milhões, alta de 29% na comparação anual.
Nas operações do Brasil (MRV, Luggo e Urba), a MRV&CO fechou o trimestre com dívida líquida de R$ 5,57 bilhões, baixa de 2,1% na comparação anual, e alavancagem (medida pela relação entre dívida líquida e patrimônio líquido) de 40,9%. Na operação dos Estados Unidos (Resia), a dívida líquida atingiu US$ 708 milhões, alta de 21,5%, com alavancagem de 311%.
Como efeito subsequente, a Resia vendeu, em maio, o empreendimento Dallas West por US$ 57 milhões e dois terrenos em Miami por US$ 14 milhões.
Desempenho operacional
Na parte operacional, os resultados já haviam sido divulgados pela MRV. Os lançamentos da MRV representaram R$ 2,8 bilhões em valor geral de vendas (VGV) no primeiro trimestre de 2025, salto de 81% na comparação com o mesmo intervalo de 2024. Por sua vez, as vendas líquidas ficaram em R$ 2,2 bilhões, aumento de apenas 2% na mesma base de comparação anual.
O diretor financeiro disse que neste trimestre espera concluir o repasse da maior parte das 1,4 mil unidades que ficaram 'travadas' no começo do ano. Em paralelo, ele comentou que as vendas continuam positivas. Neste mês, entrou em vigor a nova faixa 4 do Minha Casa Minha Vida (MCMV), que deve colaborar para acelerar as vendas. "Estamos animados, mas ainda é cedo para dizer, acabou de começar".
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